Saturday, October 24, 2009

O Simbolismo do Mundo Onírico



"Por vezes, os sonhos que recordamos são as nossas próprias tentativas para traduzir essa sabedoria mais profunda para um plano físico que possamos compreender." - Rick Stack

Hoje, como é sábado, deixei-me dormir até mais tarde para trabalhar deliberadamente nos sonhos. Recordo-me de, pelo menos, cinco sonhos que tive e, à pouco, deu-me um "flash".
Num dos sonhos estava no mar, num pequeno barco, a pescar. Como não estava a conseguir apanhar peixe decidi mudar de estratégia e então decidi colocar uma rapala de fundo. Para meu espanto, o sitio onde estava a pescar era anormalmente fundo. Com medo, até porque o barco era muito pequeno, decidi aproximar-me da praia. Ao chegar mais perto da praia olhei para o local onde tinha estado e apercebi-me que era um areal. Cheguei mesmo a fazer um lançamento para lá e a rapala, embora fosse de superficie, ficou "presa" na areia.
Podia ter aproveitado este facto para perceber que, se a profundidade do mar mudou tão bruscamente, então é porque tratava-se de um sonho; mas o objectivo deste post não é esse.



Será que este sonho foi uma alegoria, vinda de um plano ainda mais profundo, a tentar dizer-me que tudo na vida é mesmo assim: quando vemos de perto (e estamos a vivenciar a experiencia) tudo parece ser gigante e desmedidamente grande, mas se soubermos afastar-nos um pouco de nós próprios veremos que, afinal, o "dragão" não era assim tão temível?
Talvez os lançamentos simbolizem a própria acção. Se agirmos com demasiada próximidade (emocional e mental) da situação, sentir-nos-emos incapazes de lidar com ela. Mas se soubermos "pescar" ao longe, provavelmente vamos sentir-nos mais seguros.

O que acham? A discussão também esta aberta no blog Sonhos Lúcidos.

Monday, October 19, 2009

Dois sonhos lúcidos de vôo


Estou de volta para relatar dois pequenos sonhos lúcidos curtos que tive na madrugada do dia 18/10/2009.
Achei-os interessantes pois ambos trouxeram experiências intensas de vôo.
Se lembrarmos que alguns autores postulam que:
1) a probabilidade de o sonhador ter um sonho lúcido é maior após ter tido sonhos de vôo (lúcidos ou não);
2) que os sonhos de vôo e também os sonhos lúcidos são, na verdade, uma espéce de projeção astral.
Então creio que os sonhos abaixo possam ser interessantes para o leitor do Blog.

Observo que o relato foi escrito muitas horas após ter acordado e, por essa razão, acabei perdendo detalhes dos sonhos.

Primeiro sonho lúcido:

Estava andando em uma estrada ou rua, onde havia uma mureta de pedra à minha direita. Era noite e para além da dita mureta, havia uma espécie de precipício ou penhasco, dando para o mar, muito semelhante a algumas paisagens do sul da Itália ou de outros países do Mediterrãneo.
Estava com a Ivanise que, entretanto, no sonho, tinha a forma de uma criança ou bebê. Por alguma razão que não me lembro, joguei o bebê no penhasco e observo ele cair lentamente. Em seguida, eu mesmo me lanço pelo penhasco.
Devo observar que, não obstante não me recordar as razões para esses fatos, não se tratava de um ato criminoso, maligno ou suicida, mas havia algum propósito que não me recordo.
Ao me jogar, o penhasco fica ainda mais alto, formando uma espécie de "paisagem aérea" e passo a sentir e a notar com nitidez meu corpo em queda livre.
Nesse momento, talvez pelo medo, percebo que se trata de um sonho (sonho lúcido) e transformo a queda descendente em vôo horizontal, um vôo de alta velocidade.
Acordo.

Segundo sonho lúcido

Estou em um ambiente com muitas pessoas, suponho que uma Universidade. Saio por uma porta de vidro grande e agora estou caminhando pelo jardim. Percebo que há algo estranho, não porém no cenário, mas em mim mesmo, tal como se estivesse um pouco "aéreo", confuso e acho mesmo que não sinto muito o chão sob meus pés. Desconfio que possa ser um sonho. Resolvo, então, dar um pulo para tentar voar, mas não vôo. Entretanto, esse pulo teve uma trajetória insólita (quase um vôo) e, assim, acabou confirmando minhas suspeitas de que se tratava mesmo de um sonho.
Agora, já com a certeza de ser um sonho (sonho lúcido), lembrei-me de que minha irmã havia me contado no dia anterior (de fato, na vigília) acerca de um sonho em que ela voou velozmente para o céu, em trajetória ascendente, como um foguete. Lembrei-me também do relato de Oliver Fox sobre suas experiências de "skriyng" - em que ele se projetava astralmente para o céu. Tudo isso passou-me pela cabeça rapidamente, logo após dar-me conta de que estava sonhando.
Por isso, resolvo voar diretamente para cima, em direção às estrelas.
Embora não olhasse para baixo - pois não sei bem o porque, suspeitava que se o fizesse iria acordar - supunha que estivesse voando a grande velocidade, pois as nuvens no céu escuro já ficavem nítidas. Mantinha a concentração firme, no sentido de continuar voando para cima, como um foguete. Começo então a perceber algumas estrelas por entre as nuvens e, alguns instantes depois, mais estrelas, agora bem nítidas.
Concentro-me ainda mais para que o vôo seja ainda mais rápido (não obstante não olhar para baixo e nem mesmo sentir propriamente que estivesse voando, pois não havia sensação de vento etc), voando sempre na vertical, diretamente para cima.
Continuo a manter meus olhos nas estrelas, que agora são muito numerosas e começam a mudar de forma, formando nebulosas, como gases coloridos que se misturam ao seu brilho.
Resolvo virar-me e olhar para baixo e percebo que esse movimento inicia o processo de interrupção da experiência.
Já acordando, continuo a experimentar a sensação de flutuação (muito forte) e resolvo me acalmar e não abrir os olhos imediatamente, até que essa sensação cesse por completo.
Acordo.


Mais relatos de sonhos lúcidos em:

http://sonhoslucidus.blogspot.com/2009/10/dois-sonhos-lucidos-em-uma-noite.html

Friday, October 16, 2009

O que é o DMT?

Saudações!
Depois do artigo introdutório do novo tema aqui no Pyr Hermética, vamos hoje descrever o que é o DMT.
O DMT, ou N-Dimethyltryptamine é uma molécula que está presente em, virtualmente, todos os organismos vivos do nosso planeta, desde nos seres humanos, nos restantes mamíferos, animais, plantas, raízes, etc.







O DMT é a mais simples das triptaminas psicadélicas. É pouco mais pesada do que a glucose - o açucar mais simples dos nossos corpos -, pensado cerca de 188 unidades moleculares. Está intimamente ligado com o neurotransmisor psicadélico serotonina. Os receptores de serotonina estão espalhados pelo corpo, estando presentes nos vasos sanguíneos, musculos, glandulas e pele. O DMT afecta estes receptores de serotonina praticamente da mesma forma do que o LSD ou outras substancias psicadélicas.
É no cérebro que o DMT exerce um efeito mais curioso, visto ser neste orgão que estão localizados os receptores de serotonina que controlam o humor, as emoções e o pensamento. Ao contrário de todas as outras substancias psicadélicas, o cérebro transporta de forma natural o DMT por toda a rede sanguínea. Porém, o efeito do DMT é neutralizado em poucos segundos pelas enzimas MAO (monoamine oxidases). É precisamente pela presença desta enzima (MAO) principalmente nos orgãos ricos em sangue que o efeito do DMT é tão curto.
Por que o cérebro trata a molécula de DMT de forma tão natural, canalizando-a para lá das suas "defesas" naturais? O que faz o DMT no nosso corpo? Como veremos mais à frente, o DMT transporta-nos para realidades espirituais. Leva-nos para reinos normalmente invisiveis para nós e que são impossíveis de medir com os nossos actuais instrumentos. Será o DMT a molécula espiritual?

Monday, October 12, 2009

Novo tema no blog: DMT



Embora já tenha escrito um ou dois posts indirectamente sobre DMT (Dimethyltryptamine), vou iniciar um capitulo no blog sobre esse tema. Basicamente, a ideia é partilhar convosco algumas coisas sobre substancias psicadélicas e, em particular, sobre DMT.
Ao longo dos textos será usado o tempo "psicadélico" em vez de "halucinogénico". O termo "halucinogénico" dá enfase ao aspecto perceptual da substância, ou seja, aos efeitos visuais. Embora os efeitos visuais sejam comuns, não são os unicos, e talvez nem os mais importantes. As visões talvez cheguem a ser distracções para outros aspectos da experiência, tais como: o sentido profundo de espiritualidade, euforia, e a dissolução dos limites físicos do corpo. Por sua vez, o termo "psicadélico" remete para a ideia do que está dentro e na nossa mente: o nosso inconsciente.
Em jeito de introdução, o DMT é uma substancia psicadélica extremamente poderosa. O nosso corpo produz DMT de forma natural, principalmente em momentos de grande stress, como sendo o nascimento, a morte ou as experiências de quase morte.
Pensasse que a fonte natural do DMT é a glandula pineal que, de acordo com a Antiga Sabedoria e muita da pesquisa actual é a porta para outras dimensões da realidade. Sempre com base no trabalho de Rick Strassman e a sua obra "The Spirit Molecule", tentarei demonstrar que o DMT está intimamente ligado a estados alterados de consciência, obtenção de conhecimento por vias místicas, e até dos mediáticos "raptos alienisnas" que por vezes aparecem descritos.
No estudo levado a cabo pelo Dr. Stassman foram escolhidas sessenta pessoas, todas elas com historial em drogas psicadélicas. Vários foram os relatos em que disseram que o efeito causado pelo DMT nada nem que ver com o causado com drogas halucinogénicas: não sentiam intoxicação, nem a sua mente divagava. Sentiam-se perfeitamente conscientes e conseguiam direccionar a sua atenção para todos os pormenores que desejavam. Os relatos são interessantíssimos, e será necesse aspecto que deterei mais atenção nos futuros artigos.
O estudo da obra do Rick Strassman levou-me a uma profunda instrospecção abalando a minha concepção mental do Cosmos (micro e macrocosmos). Por que será que o nosso corpo inteiro produz DMT? Será coincidência que nos momentos criticos da nossa vida, o nosso corpo seja inundado desta molécula? Qual será o seu verdadeiro objectivo? Que realidades esconde?

Saturday, October 3, 2009

Um fogo para ti - parte III


"Cada Verdade que apreendes será para ti , uma novidade absoluta, como se nunca antes tivesse sido escrita."- Antigo provérbio Egícpio

-Não...- O sacerdote ergueu-se novamente segurando o ceptro prateado na mão direita, e batendo com ele no chão de pedra fez aparecer uma candeia doirada na mão esquerda - Há algo que podes fazer, algo que fará toda a diferença...
- Como?! - Arístocles estremeceu levemente; apesar de ser um díscipulo aceite no círculo dos Grandes Mistérios ainda não se acostumara a presenciar as materializações de objectos que Djehut realizara em algumas ocasiões, por razões necessárias.
- Quando o mar se ergueu como um colosso enfurecido, determinado a varrer a existência de uma nação inteira, uma nação que outrora o venerara, que carregara a sua essência e lhe oferecera hinos de louvor...havia apenas despaixão no coração do mar, não era a raiva enfurecida que o movia, mas sim sementes outrora plantadas... movia-se como um
soldado de hierarquia sagrada, cego e surdo a tudo excepto à missão de que fora encarregue...por essa altura, já não era uma criança e a minha infância roubada afastava-se nas mãos do passado. Prisioneiro nas masmorras construídas ao nível do mar na península mais externa do continente, consegui nadar por entre os blocos de pedra quando a prisão foi submersa e destruída . Porém, a queda sucessiva de colunas, estátuas e pesados objectos não me permitia alcançar a superfície e acabei por perder os sentidos, acreditei que morreria e parei de lutar...Quando despertei novamente, vi o rosto da Sacerdotiza da Ilha dos Espelhos, inclinado sobre o meu...
- A Ilha dos Espelhos, a do oráculo do Tempo, a que aparece e se eclipsa nas brumas?
- Sim, essa.- o tom de voz de Djehut assemelhava-se agora a uma chuva cristalina de Verão e havia no seu semblante uma expressão onírica, de afastamento do mundo - Bastou aquele instante, que se estendeu para além do espaço e do tempo, para compreender...
.
O leve ruído de passos anunciou a presença de uma terceira pessoa: uma jovem mulher de longos cabelos negros que envergava uma túnica de linho fino e transportava um cálice contendo uma bebida quente feita a partir de ervas desconhecidas. Em siléncio, colocou o cálice à frente do filósofo, curvou-se ligeiramente perante o sacerdote em sinal de respeito e voltou a desaparecer na escuridão que envolvia o Templo da Espera.
- O que aconteceu então? - interrogou Arístocles, finalmente resignado à incapacidade de conter a curiosidade...["Vocês, os gregos, serão sempre crianças aos nossos olhos.."]
- Os seus olhos eram habitados por uma tremenda compaixão, suficientemente poderosa para abraçar toda a humanidade, naquele instante compreendemos a importância daqueles que carregam a responsabilidade de caminhar no limiar da viragem da Clepsi
dra da história. Esta candeia ardia acesa no centro do oráculo, “leva-a contigo", disse me ela...e "nesse lugar da terra onde o céu perdeu o horizonte acende um Fogo, um Fogo para mim" . Quando regressei ao local onde outrora se erguera a Ilha-Continente, apenas a mais elavada montanha da ilha de Poseidonis risistia sobre as àguas, nela reluzia a grande Pirâmide Branca, semelhante à que hoje vês. Os sacerdotes compreenderam o poder do símbolo que eu, proscrito e dado como morto transportava na alma mais do que nas mãos...

- Fosteis Iniciado na lendária Poseidonis?

O sacerdote sorriu com indiferença à admiração do filósofo:

- E quando o mar decidiu arrastar para as profundezas o último restício, da outrora intocável Atalantea, foi esta a chama que guiou as grandes barcas de sobreviventes até à minha terra-mãe.

- Vós sois então um verdadeiro... - balbuciou Arístocles, servido-se de todas as suas forças para dominar as intensas emoções que apaixonadamente tentavam controlar o seu pensamento e o seu discurso - Rei-Iniciado...

- E essa candeia é a minha espada e o meu escudo e essa chama não é outra senão a que ardia no templo da Ilha dos Espelhos, que entrego a ti esta noite, pedindo-te que no teu regresso, caminhes até esse lugar da terra onde o céu perdeu o horizonte e acendas um Fogo, um Fogo para mim. Arístocles, perdeu as palavras e o pensamento; naquele momento a sua mente habitava apenas a orla do inteligível...impossível de plasmar ou reproduzir no mundo das sensações. Pequenas gotas de lapis-lazuli resvalaram sobre o corpo despido de Neit, anunciando a madrugada.

- É hora! - advertiu Djehut falando apenas no plano mental do filósofo - E existem coisas que não esperam para toda a Eternidade, esperam apenas o tempo necessário. Com um sorriso capaz de fazer florescer as sementes escondidas no interior da terra após um Inverno rigoroso; o sacerdote recolocou a máscara doirada, e o seu corpo físico desvaneceu-se sob o véu da cúpula celeste dando lugar à sua manifestação etérea, espectral, assumindo a forma de um gigante Ibis azul que poisou no topo da Pirâmide Branca. Arístocles bebeu a poção de ervas deixada a seus pés e observou sem surpresa, o seu próprio corpo cair adormecido no chão do Templo da Espera. Leve como a luz do pensamento, avançou em direcção à câmara secreta da grande Pirâmide Branca, onde o Hierofante iria finalmente recebê-lo diante do altar das Verdades Últimas.”

***

Tinham passado três longos meses desde que Arístocles regressara a Atenas e o magnetismo do entardecer chamara-o até ao mais elevado planalto da Acrópole no momento em que o disco solar se derretia languidamente no horizonte... Na mão direita, transportava acesa a candeia que Djehut lhe entregara e no olhar levava uma promessa. Ao erguer a pequena chama em direcção ao céu pode ver a imagem espectral de um íbis azul que voava em direcção a uma ilha perdida, oculta pela bruma cerrada, onde uma sacerdotiza aguardava pacientemente...

E em uníssono com a misteriosa voz do vento quente de Verão que lembrava as paisagens longíncuas do Nilo Azul, repetiu:
-Hoje caminhei até este lugar da terra onde o céu perdeu o horionte e acenderei um Fogo, um Fogo para Ti.”