Wednesday, September 30, 2009

Por que sonhamos?



Hoje vou deixar-vos com alguns excertos do livro Sonhos Lúcidos de LaBerge sobre os ciclos REM e NREM e algumas pistas sobre a resposta à pergunta "por que sonhamos?".

"Por que todos os mamíferos têm sono REM? É uma pergunta para a biologia evolucionária. Segundo as provas disponíveis, parece que o sono ativo ou REM apareceu há 130 milhões de anos, quando os primeiros mamíferos desistiram de pôr ovos e começaram a parir viviparamente (a cria nasce viva, não é chocada). Parece que o sono inerte, ou sono NREM, surgiu há aproximadamente 50 milhões de anos, quando os mamíferos de sangue quente começaram a evoluir dos seus antepassados reptilianos de sangue frio."
"A evolução do sono (e depois a do sonho) foi disseminada demais e teve um significado comportamental importante demais para ter acontecido por acaso; por isso, supõe-se que tenha ocorrido pelo mecanismo que Darwin tornou famoso, ou seja, pela seleção natural. A idéia é que só as variações genéticas que têm alguma probabilidade predominante de sobreviver são selecionadas pela evolução. Devido à variabilidade genética, na população de todas as espécies, numa época determinada qualquer, aparece uma faixa ampla de características." (...) "Como esse deve ter sido o caso do sono e dos sonhos, podemos supor que eles têm uma ou várias funções adaptáveis (ou seja, úteis)."
"Se você se lembrar que o sono NREM surgiu na mesma época em que os mamíferos evoluíram dos répteis, terá uma pista da função adicional do sono. Os répteis dependiam de fontes externas (essencialmente o sol) para manter uma temperatura corporal suficientemente alta para que pudessem tocar a tarefa de viver (principalmente alimentar-se, fugir e reproduzir)." (...) "Então é para isso (conservar energia) que temos o sono inerte; mas por que o sono ativo evoluiu e, com ele, o sonho? Indubitavelmente deve haver muitos bons motivos para isso, visto que esse estado tem muitas desvantagens. Para começar, enquanto você está sonhando, o cérebro usa muito mais energia do que enquanto está acordado ou no período de sono inerte. E mais: enquanto você está sonhando o corpo fica paralisado, aumentando muitíssimo a sua vulnerabilidade. De fato, para uma dada espécie, a quantidade de sono de sonhos é diretamente proporcional ao grau de segurança da espécie em relação aos predadores; quanto mais perigosa é a vida, menos a espécie pode se dar ao luxo de dormir."
"Dadas essas desvantagens, o sono ativo deve ter oferecido vantagens particularmente úteis aos mamíferos de 130 milhões de anos atrás. Podemos arriscar a mencionar uma vantagem, se lembrarmos que foi nesse ponto da história da evolução que as mães mamíferas deixaram de botar ovos e passaram a parir filhotes vivos. Que vantagens pode o sono activo ter oferecido às nossas ancestrais que eram mães? Creio que poderá encontrar a resposta ao se lembrar que os lagartos e pássaros que nascem de ovos chocados saem da casca suficientemente desenvolvidos para sobreviver por conta própria, se for necessário. A cria vivípara (da qual o bébé humano é o melhor dos exemplos) quando nasce é menos desenvolvida e, em geral, completamente indefesa. Nas primeiras semanas, meses e anos de vida os bébés vivíparos têm de passar por uma grande dose de aprendizado e desenvolvimento, especialmente do cérebro."
"Contrastando com a hora e meia que o adulto passa no sono REM todas as noites, um bébé recém-nascido, que dorme de dezesseis a dezoito horas por dia, tende a gastar cinquenta por cento desse tempo sonhando, ou seja, até nove horas por dia. A quantidades e a proporção do sono REM diminui no decorrer da vida, o que sugeriu a vários pesquisadores dos sonhos que o sono REM pode desempenhar um papel importante no desenvolvimento do cérebro infantil, proporcionando uma fonte interna de estimulação intensa que facilitaria o amadurecimento do sistema nervoso e ajudaria a preparar a criança pata o mundo ilimitado de estímulos que logo terá de enfrentar."



Fica a questão em aberto para o caso de alguém ter coragem de debater. :)

Saturday, September 26, 2009

Nos limites entre a OBE e o sonho


Transcrevo abaixo uma experiência ocorrida há poucos dias, que para mim significou quão tênue é a fronteira entre sonhos ordinários, sonhos lúcidos e Projeção Astral (OBE/EFC):


Lembro-me que no final de um sonho comum fechei os olhos (os olhos oníricos) pensando (no sonho) sobre algo que venho desenvolvendo ultimamente: a idéia de que o sonho começa antes do que percebemos.

Assim, de olhos fechados no sonho, associei essa idéia com o processo da morte ("Bardo", na terminologia budista) pensando no sonho:

"essa escuridão que vejo poderia ser o estado de morte, bastando estarmos conectados com o presente instante para que continuemos conscientes na morte."

E, como estava sonhando, com a mente bastante plástica, comecei a não sentir mais nada, ou melhor, fiquei consciente de que já não tinha corpo.

Aqui, foi como se o sonho tivesse se transformado em sonho lúcido, no qual sabemos que o corpo onírico não tem substância, matéria.

Então, diante da escuridão, senti meu corpo flutuar fortemente e tornei-me consciente de que poderia estar entrando em projeção astral.

Ou seja, curiosamente, foi como se o "Eu astral" recobrasse lucidez, a partir de um sonho não lúcido.

Em condições normais, ainda que sinta meu corpo flutuante, tenho enormes dificuldades em promover o descolamento dos corpos ("astral e físico", segundo a terminologia empregada por alguns), mas, nesse caso, como estava no ambiente onírico, quando pensei: "- Isso é o início de uma projeção e posso me levantar !" , imediata e facilmente me levantei, com a consciência precisa de que meu corpo físico teria ficado para trás (seja onde for, pois ainda estava sonhando e não tinha consciência precisa de que estava na cama).

Daí ocorreu uma coisa estranha: podia sentir meu corpo "astral" se movimentando, ficando de pé, agachado etc, porém não conseguia ver nada, tudo permanecia escuro. Estava bem lúcido sobre isso também e continuei tentando enxergar algo, mas só havia escuridão.

Por algum tempo me movimentava, porém nada de visões.

Até que, bem depois, uma imagem noturna apareceu, bastante turva. Era a janela da casa em que eu morava quando adolescente.

Sabendo que não estava no meu corpo físico (tal qual em um sonho lúcido), pulei para o parapeito da janela, que era bem alta, mas não sentia medo de cair no abismo, pois sabia que estava em um ambiente não-material.

Fiquei agachado ali (na verdade, de cócoras), como se fosse um pássaro ou um gato, olhando para baixo, bem na ponta.

Porém, não tive lucidez suficiente para perceber que o ambiente onírico estava, talvez, retomando o controle, ou seja, estava perdendo, a lucidez.

Esta questão é controversa, pois alguns autores, em especial Oliver Fox, afirmam terem se projetado muitas vezes lucidamente em um ambiente completamente onírico.

Enfim, começou um enredo de sonho e, não me lembro bem o porque, tinha ou quis efetuar um salto para a outra janela, uma manobra que agora julgava perigosa ainda que soubesse não estar no corpo físico (ou seja, estava perdendo a lucidez). Acabei saltando e, depois, o sonho transcorreu sem lucidez, pelo pouco que consigo me lembrar.

Essa experiência mostra que as fronteiras entre lucidez/imaginação dentro do ambiente samsárico não são nítidas. De fato, começa a ficar difícil definir com exatidão o que é vigília, sonhos ordinários, sonhos lúcidos, projeção astral etc.

Parece que é uma questão mais vibracional que ontológica, por assim dizer. É uma questão de intensidade e não uma fronteira nítida.

Sunday, September 20, 2009

Um fogo para ti - parte II


"A rotina e o preconceito distorcem a visão; cada homem crê que o seu próprio horizonte é o limite do mundo" - Antigo provérbio egícpio


Djehut permaneceu imóvel durante alguns segundos, e com um gesto de determinação retirou a máscara doirada que lhe escondia o rosto. Um calafrio, gelado como um punhal, atravessou o corpo de Aristocles que estremeceu várias vezes antes de conseguir encarar os olhos claros como o céu e profundos como o Abismo Primordial que liam os seus, com a mesma facilidade com que liam os hieróglifos nas paredes dos templos. Os longos cabelos cor de prata emolduravam um rosto claro e reluzente como marfim revelando uma aparência pertubadoramente jovem, que assumia contornos de beleza andrógena rodeada por um brilho misterioso que lembrava a luz do luar.-Criança...-murmurou, como se os ventos do deserto nascessem a partir da sua voz- estes olhos já viram mais batalhas do que os dedos das tuas mãos podem contabilizar, viram a ascençao e queda de cidades, reis, deuses e impérios....- A tua reminiscência, absolutamente perfeita....- Reminiscência... - sorriu o sacerdote como se os seus lábios guardassem o peso do coração do mundo - não; apenas apenas a memória de uma só existência...O filósofo arregalou os olhos de espanto curvando a cabeça em sinal de respeito.- Mas então, significa que sois...-Um filho do Vento Sagrado, um Alquimista da consciência e do real- completou Djehut - Eu estava presente quando o vértice doirado da pirâmide branca foi colocado por altura do jubileu de Hórus, o Rei- Falcão, e quando anos mais tarde foi fundada a primeira Casa da Vida. Coroei o primeiro faraó, senhor das duas Terras e ouvi os seus sonhos e inquiteções. Desenhei a planta da Casa de Osíris na cidade de Abydos e anos mais tarde limpei o sangue das paredes da Casa do Silêncio em Tebas quando o seu sacerdote morria nos meus braços assassinado por uma multidão enlouquecida.. Ouvi os gritos das mulheres quando os homens deste país desejaram a morte dos seus próprios irmãos, quando os seus filhos morriam à fome porque estes acreditavam ser mais justo gastar todo o ouro em cerveja e bailarinas escravas...As minhas lágrimas juntaram-se às dos Magos dos Céus quando leram nas estrelas a morte dos Grandes Mistérios no Egipto...-Como pudesteis suportar tudo isso?- indagou o filósofo consumido pela admiração.Djehut olhou os céus de forma instrospectiva em busca da estrela Sírius no horizonte eterno; dos seus labios brotavam palavras que davam lugar a imagens e sentimentos, que recriavam paisagens, como se cada som fosse pronunciado com a voz dos Deuses.- Outrora senti a terrível calma do momento em que toda a Terra se recolhe antes do um tenebroso fim. Pude ouvir os poemas inflamados que as àguas vociferavam, vi as formas rigidas e colossais que os exércitos do Ar assumiam compondo fileiras etéreas de guerreiros elementais, a minha mente era sacudida pela canção da Terra, que invocava um sagrado e ancestral lamento que parecia enlouquecer-me lentamente...Porém, tudo aquilo que eu representava era absolutamente insignificante, por mais que gritasse ou apelasse para ser levado à presença dos sacerdotes, ninguém estava disposto a ouvir-me...”
- Estais a dizer-me que vós sois um deles? Dos sobreviventes da Ilha-Continente? O relato que haveis feito na Casa do Vento Sagrado, é afinal uma recordação pessoal?- Arístocles levantou-se repentinamente e sem se aperceber começou a deambular pelo Templo da Espera, como se o movimento o ajudasse a compreender os novos paradigmas com que se confrontava. Não sou um deles...- sorriu Djehut- o meu pai era rei da terra que hoje pisas muito antes de ela ser conhecida por Egipto, antes das dinastias de faraós filhos do Sol! Sou filho de uma história oculta e desconhecida....- Não compreendo - retorquiu o filósofo, as mãos molhadas pela sede de saber...- Fui levado para Atalantea quando era ainda uma criança. Uma conspiração dos guardas do palácio permitiu o meu fácil desaparecimento durante a noite...Acreditaram que o meu pai cederia facilmente à chantagem entregando a última Pedra Solar que ainda não tinham conseguido obter, em troca da minha vida. Porém, ele manteve-se inamovível e a sua Vontade, impenetrável, pois sabia das consequência da utilização de tais artefactos... - Sentisteis-vos abandonado, pelo vosso próprio povo? -Eu era apenas uma criança Arístocles, mas de alguma forma sentia que a minha vida colocada na balança de Maat jamais pesaria tanto como a vida de milhares de pessoas da região do crescente...Foram-me infligidas penosas torturas, cada uma das quais o meu pai sentia diariamente no seu próprio corpo e que torturavam a sua alma, talvez mais do que a mim próprio. Mas, ainda assim, a sua posição não se alterou.- Tortura!?- gritou exasperado- A uma criança!!? Mas referisteis-vos à harmonia das suas construções, à sonoridade divina da sua música, aos elevados preceitos da magia cerimonial, ás sagradas dinastias de Reis-Alquimistas! Como foi possível...?- Não só possível, mas inevitável... O movimento lento e perpétuo da roda das Eras, é um poderoso veículo capaz de transmutar versos soltos em hinos dignos de um deus, mas também converte a mais explendorosa consciência, no mais obscuro e tenebroso dejeso de poder fomentado por um incomensurável egoísmo. Os olhos e ouvidos dos reis, ou seja os seus mais fieis servidores e conselheiros que deviam projectar a imagem da nação, passam a substitui-la pelo seu próprio ego e desejos pessoais. A pirâmide social deixa de ressoar, desde o topo até à base, e a melodia governativa do Estado-Ideal, converte-se num som estanque e oco. Como uma colmeia incapaz de suster as suas abelhas, a forma piramidal desintegra-se e transforma-se num pilar instável que pode vergar a qualquer momento...E tu sabes o que sucede às abelhas quando perdem a sua rainha e a sua colmeia. A sua fúria vira-se contra as da própria espécie, tal como uma praga, vagueiam pelos campos de flores sem qualquer objectivo. Outrora inofensivas abelhas melífluas adoptam comportamentos violentos semelhantes ao das estipes mais perigosas...- Então quereis dizer que é assim que a queda tem início? Quando se instala o culto à personalidade?- Quando os sacerdotes que servem um Ideal, focam a sua atenção nos unguentos que lhes cobrem o corpo, na qualidade do incenso que queimam no seu templo mas esquecem a voz dos elementos e mutilam com a sua futilidade o pacto que mantinham com o Fogo da Verdade...Assim foi o primeiro dos últimos dias.- Presumo que tal decadência moral tenha originado novas leis e códigos de conduta- acrescentou o filósofo incrédulo- Enganas-te- retorquiu o sacerdote- apenas uma reinterpretação dos mesmos à luz das suas mentes obscurecidas...- E encontraram nos outrora iluminados preceitos, uma possível justificação plausível para o caos que se instalou?
O peso da noite desértica adensava-se sobre ambos, e o fogo que ardia nas piras gigantescas projectava insólitas sombras nas paredes do templo que dançavam inquietas ao Som das Esferas..Djehut ponderou por alguns momentos , o seu rosto assolado por uma expressão de dor: - Para o Caos, para a submissão de todos os povos considerados menos "evoluídos", para os exércitos de homens sem alma e de criaturas meio-homem meio-animal, para as vozes dicidentes petrificadas e lançadas ao fundo do mar, para os elementais aprisionados sem mútuo acordo no coração de jóias mágicas. Não são as leis que moldam os homens Arístocles, mas sim a forma como estes se reveêm nelas e os olhos segundo os quais as encaram...Não são os ensinamentos que constroem o teu Estado-Ideal, são os seus habitantes que reúnem o conhecimento que a expansão da sua consciência lhes permite num determinado momento histórico. - Sinto-me verdadeiramente impotente então! - Arístocles cerrou os punhos num contido acesso de fúria divina.

Saturday, September 19, 2009

Filmes e séries: Hellsing



Olá a todos!
A sugestão desta semana é uma serie que tenho andado a ver. Chama-se Hellsing e retrata um mundo draconiano e vampiresco!
Segundo a Wikipédia, "Hellsing é uma série da Manga lançada em 1997 por Kouta Hirano.
O enredo passa-se na Inglaterra em 1999, que, ameaçada por criaturas sobrenaturais, é protegida pela Ordem Real dos Cavaleiros Protestantes, a Organização Hellsing.
Fundada e comandada pela família Hellsing há mais de 100 anos, a organização secreta é especializada em combater seres das trevas.
Liderada por Sir Integra Fairbrook Wingates Hellsing, dentre seus subordinados estão o mordomo e ex-combatente Walter C. Donez, a novata Ceras Victoria e o poderoso vampiro Alucard.
Nesse cenário, um conflito entre os protestantes da Hellsing e os católicos da Seção XIII do Vaticano, adiciona-se o renascimento de um velho inimigo, o grupo Millennium, responsável pela criação artificial de vampiros que propagam por todo Reino Unido. Millennium (fictício) foi um grupo, formado por vários oficiais da SS (Schutzstaffel), a elite das tropas nazistas. Destinava-se à pesquisa de vampiros, para que estes fossem usados em batalha pela Alemanha Nazista na 2ª Guerra Mundial.
"


- Página oficial inglesa.
- Trailer no Youtube.
- Wikipedia.
- Links para fazer download da série.


Por que nem todas as realidades são agradáveis...

Friday, September 18, 2009

Ciclos NREM e REM





Normalmente, ao lermos artigos sobre sonhos lúcidos encontramos com muita facilidade as palavras REM e NREM, mas nem sempre são explicadas. De forma quase telegráfica, vou tentar explicar o que são esses ciclos.
Em cada noite de sono, passamos em média cerca de uma hora e meia a duas horas a sonhar. Sonhamos uma vez a cada ciclo de 90 minutos. O tempo que passamos a sonhar vai aumentando durante a noite, começando em cerca de 10 até cerca de 45 minutos.
É-nos dito que existem cinco etapas de sono: quatro etapas de sono NREM, também chamado de "slow-wave sleep" e uma etapa de sono REM, ou "rapid eye movement". Os sonhos mais vividos e facilmente relembráveis ocorrem durante o sono REM.
As várias etapas NREM e REM são:
* (NREM 1) Esta primeira etapa assegura a transição entre o estado de acordado e o de sono. É nesta fase que as imagens caracteristicas do estado hipnogágico surgem. Normalmente dura apenas alguns minutos.
* (NREM 2) Durante esta fase, o corpo desliga-se gradualmente, e as ondas cerebrais tornam-se mais longas.
* (NREM 3) Acontecendo cerca de 30 a 45 minutos depois de adormecermos, é nesta fase que as ondas cerebrais do tipo delta são geradas.
* (NREM 4) O estádio, ou fase, NREM 4 é chamada de sono profundo ou de sono delta. O batimento cardiaco é minimo e é aqui que a actividade cerebral é mais reduzida. É neste ciclo que o sonambulismo ocorre.
* Depois da fase 4, os ciclos NREM invertem o sentido voltando à fase 2, e depois para o sono REM.
* Durante o sono do tipo REM a actividade cerebral é em tudo idêntica ao do estado de acordado. Se estiverem interessados nisto, sugiro que procurem por mais informação no livro "Sonhos Lúcidos" de LaBerge. Nesta fase o nosso corpo encontra-se paralizado, talvez para impedir que tenhamos os mesmos movimentos corporais que estamos a ter no sonho.

Depois do ciclo REM, normalmente acordamos momentaneamente. É comum esquecermo-nos disto quando acordamos de manhã. Se não acordamos, voltamos ao estágio NREM 2. Quando acordo depois de um ciclo REM, acho dificil memorizar alguma coisa para tentar lembrar-me depois de outro ciclo REM (por exemplo, quando acordo). Será por isso que não me recordo das vidas passadas?

Wednesday, September 16, 2009

VILD: Visual Induction of Lucid Dreams



Quando sentirmo-nos relativamente à vontade com o método das imagens, podemos passar para outro método chamado de “Visual Induction of Lucid Dreams”, por vezes também denominado de “Visually Incubated Lucid Dream”.
Esta técnica diz-nos que em primeiro lugar devemos ficar relaxados. Sentados, ou deitados, numa posição confortável devemos começar por relaxar os musculos da face e do maxilar. Normalmente as pessoas mais nervosas ou ansiosas mantêm o maxilar fechado, ficando assim em tensão; portanto, sugiro que abram um pouco a boca. De seguida, devemos relaxar os musculos do pescoço, seguindo-se os das costas e região lombar. Depois, devemos relaxar os musculos estomacais e em seguida os braços. Por fim, descontraímos o melhor possível as pernas.
Depois de atingirmos esse estado de paz e serenidade, como diz o Dr. Brian Weiss nas suas técnicas de regressão, devemos visualizar o nosso cérebro a ficar vazio e com sono. Agora, devemos visualizar um sonho que tivermos preparado anteriormente. Qualquer coisa como o que se segue:
"Estou num quarto com uma porta. Um amigo próximo de mim pede-me para mostrar-lhe o que é um teste de realidade. Faço os meus testes de realidade, que demonstram que estou a dormir, digo-lhe que estou a dormir, e dirigo-me para a porta.
Antes de visualizarmos o sonho, devemos saber exactamente como o sonho será. Pormenores como o tal amigo, as palavras exactas que serão usadas e os testes de realidade, são aspectos que devem estar mais do que planeados. É recomendado visualizar três vezes o sonho lentamente, para termos a certeza que sabemos todos os detalhes. Devemos visualizar o sonho através dos nossos próprios olhos, e não como se fossemos uma terceira pessoa. Se sentirmos os nossos pensamentos a afastar-se, simplesmente devemos ignorá-los e continuar com a visualização.
Quando realmente sonharmos com isto, não vamos notar nenhuma diferença, até chegarmos à parte dos testes de realidade. Mesmo já sabendo que estamos a sonhar, devemos continuar com o sonho que preparamos: agradecemos ao nosso amigo e depois seguimos em direcção à porta.
Uma ultima nota: se o exercicio de visualização manter-nos acordado, impedindo-nos de dormir, então devemos experimentar uma técnica diferente.
Coonvido-vos a partilharem connosco as vossas experiências relacionadas com o tema de hoje.

Sunday, September 13, 2009

Um fogo para ti - parte I

"Os verdadeiros sábios são aqueles que dão tudo o sabem, sem guardarem segredos ou segundas intenções."
- Antigo Provérbio Egípcio

O ven
to quente do deserto ao qual se acostumara ao longo de três intemporais meses murmurava uma canção antiga emoldurando o céu nocturno numa dimensão etérea que haveria de permanecer para sempre gravada na sua alma. O ar da noite, denso de mistério assemelhava-se a uma deusa celeste, cujo corpo, delicadamente serpentado pelos fogos estelares emanava o profundo aroma de uma inevitável despedida.

Durante muito tempo, reflectira acerca da possibilidade de abandonar a sua apaixonante e tumultuosa Atenas para se deslocar à enigmática terra do Nilo AzuL e dos Mistérios últimos que se dizia ali serem ministrados aos discípulos aceites…Ao longo de grande parte da sua vida, desejara ardentemente expandir a sua consciência até à dimensão inteligível das Ideias Puras, por acreditar que dotado de tal poder seria digno de instruir um rei divino, capaz de plasmar uma nova idade de ouro nas ressequidas colinas do Peloponeso…

Porém, naquele momento, após ter provado o silencioso sabor do Nilo Cósmico, servido pelo próprio deus Hapi num cálice em chamas, interrogava-se acerca da coragem necessária para regressar a um estático mundo de sombras e palavras desprovidas de significado. Os aparentemente curtos meses que passara em retiro absoluto no templo de Amon, tinham-se convertido numa realidade construída fora do Espaço e do Tempo, como se décadas de anos terrestres por ele tivessem passado, transformando os pequenos anseios, medos ou dúvidas aos quais outrora chamara seus, em irreais grãos de areia que se desmaterializavam sob os seus pés. Cada noite passada na casa dos Ventos rodeado pelos murmúrios da voz do silêncio e pela dança das formas por eles originada, parecia ter-se convertido em anos ou séculos de experiências humanas, como se a cada respiração morresse e renascesse novamente, como se a cada piscar de olhos contemplasse todas as suas vidas num só instante e durante as curtas horas de sono tivesse sonhado com os mundos dentro e fora do seu próprio mundo, e com a história dos seus elementos e dos elementais que os regem.

Mas naquele dia, ao amanhace,r seria novamente um viajante grego em busca de conhecimento, um actor indistinto num anfiteatro corroido por jogos de poder e decadência de ideais...e até a beleza resplandecente dos capiteis e estátuas dos templos de Atenas não seriam mais do que miragens vazias, um cenário de mármore concebido para um pequeno acto na tragicomédia das Eras.

Todos os homens e os seus pequenos medos e inquietações, o seu egoísmo e incompreensão e até os gloriosos discursos incendiados pelas Musas, seriam apenas frutos da sua estação, efémera, redundante. No seu íntimo, tinha a certeza que nada poderia fazer para transformar os homens e as suas paixões narcisistas e passageiras à imagem das quais conduziam o mundo, a política, a moral....Desde muito jovem aspirara ao Reino Ideal na sua imaginação focada e dirigida. E finalmente vira a sua projecção diante dos seus olhos, no templo do Sonho - tocou nos seus portões e ouviu os seus sons etéreos... Na manhã seguinte restariam as memórias e o vislumbre das Verdades últimas. Naquela noite, a mais importante da sua vida, o momento pelo qual esperara durante mais de vinte anos, contrariava deliberadamente os ensinamentos acerca do "poder do presente imediato" e procurava anticipar-se ao futuro e encontrar forças para regressar a ele. "Seria mais fácil deixar-me perder no deserto", pensou. A escuridão da mente e o desejo de nela permanecer pareciam alimentar o Eu mais profundo dos homens e regressar à caverna quotidiana constituía um desafio maior do que todas as provas que superara ao longo da sua Iniciação.“

Djehut, o sacerdote da Casa do Vento e um dos seus guias no plano dos Grandes Mistérios percepcionou a sua inquietação, pousou o ceptro prateado e sentou-se nas escadas do Templo da Espera, encabeçado pelo sagrado Leão Humano, a gigantesca estátua que representava o "homem Divino" do principio dos tempos, conhecedor da Lei e capaz de a transcender e de se tornar Uno com Ela. Fitava o horizonte em silêncio, acompanhada pelo sacerdote de rosto velado pela expressiva máscara de ouro e pedras precisoas, que escondia o seu rosto,o seu olhar, a sua verdadeira alma, que de tão magnética e poderosa poderia assustar os homens, mesmo os candidatos a iniciados...

-Esse é de facto o teu último desafio, Aristocles! Escolher entre o natural, mas ainda assim, individualista caminho do Ego em prole da Sabedoria ou atravessar a ponte que desce da Verdade ao homem, da Sabedoria ao aprendiz imperfeito...

O filósofo franziu a testa e suspirou profundamente com um brilho melancólico no olhar:
-Posso ter a possibilidade de instruir alguns homens, mas a menos que um rei nascido com o Fado Divino de inspirar toda uma nação deseje que eu partilhe com ele a Visão desse reino Ideal que agora consigo literalmente tocar no mais profundo tabernáculo de mim próprio, não possuo qualquer poder para transformar uma cidade-estado, nem sequer uma pequena aldeia...Se o implacável rumo das Eras conduz civilizações inteiras à sua total desintegração moral...
- Mas também à sua mais elevada expressão...- acrescentou o sacerdote
-Seja! Mas não desejo transformar- me numa estaca solitária no caminho da inevitabilidade, ou do rumo natural que obedece à grande Lei, ainda que rodeado de outras estacas semelhantes, serei engolido pelo peso da mão divina que se abate sobre uma civilização clamando o seu fim!
-A sua Transmutação....
- Como preferires... A sua TRANSMUTAÇÂO pela decadência de valores! Então serei uma pedra insignificante que procura subir a montanha quando esta se encontra prestes a ruir. Homem algum Vence uma montanha...sei do que falo, não sou um idealista inexperiente, as cicatrizes que trago nas mãos são marcas de guerra...

Saturday, September 12, 2009

Nova rubrica: filmes e séries


Olá!
Hoje vamos iniciar uma nova rubrica aqui no blog dedicada a filmes e séries. O primeiro filme que escolhemos foi o Paprika, do realizador Satoshi Kon.
Basicamente o filme retrata um futuro em que foi desenvolvida uma nova (será mesmo nova?) técnica de psicoterapia: ajuda terapeutica através de sonhos. Os dispositivos são roubados para serem utilizados para entrar na mente das pessoas. A acção desenrola-se a partir daqui.
Segue alguma informação sobre o filme:

- Página oficial.
- Página oficial Norte-Americana.
- Wikipedia.
- Trailer no Youtube.
- Links para fazer download do filme.

Aproveito para anunciar que amanhã começará a ser publicada uma história belíssima contada pela pena da nossa querida Seshat.

Friday, September 4, 2009

Reality checks



Um dos tópicos fundamentais para obter a lucidez nos sonhos são os chamados testes à realidade (em inglês reality checks). Os testes à realidade são um método que nos permite distinguir o mundo onirico da realidade. Há quem diga que são as "chaves" para os sonhos lúcidos.
É bastante importante aceitar que estes testes vão produzir resultados caracteristicos do mundo dos sonhos. Se esperassemos que os resultados fossem parecidos aos da realidade, os testes à realidade iriam ser modificados pelo denominado efeito de placebo.
Devemos escolher alguns exercicios e fazê-los com regularidade. Devemos fazê-los até estarmos convencidos que não estamos a dormir. Quando descobrirmos que não estamos a sonhar, devemos olhar à nossa volta e pensar que o resultado seria diferente caso se tratasse de um sonho. Se praticarmos com regularidade, tornamos mais provavel fazê-lo também nos sonhos. Alguns dos testes à realidade mais conhecidos são:

1º (Respiração) Conseguimos respirar com o nariz tapado?
2º (Flutuação) Se saltarmos, voltamos a cair ao chão?
3º (Leitura) As frases mudam quando as lemos? Ler, olhar para outro lado e voltar a ler. A frase mudou?
4º (Visão) A visão é perfeita? Se virmos mal na realidade, a nossa visão no mundo dos sonhos é nítida, e vice-versa.
5º (Tacto) As nossas mãos têm uma cor diferente, demasiados dedos ou esticam se os puxarmos?
6º (Poderes) Somos capazes de voar, destrancar portas ou outros poderes mágicos? Devemos tentar mudar a forma do nosso corpo, ou caminhar através de uma porta, janela ou espelho.
7º (Interruptores da luz) Os interruptores da luz funcionam?
8º (Espelhos) Se olharmos de frente para um espelho, a nossa imagem é real?

Para além de ser aconselhavel fazer testes à realidade ao longo do dia, é também nos dito que devemos fazer testes à realidade logo após acordarmos. Isto ajuda a ganharmos lucidez nos falsos despertares.

Partilhem connosco o resultado dos vossos reality checks!