Sunday, November 29, 2009

Philosophia Perennis



A visão tida por grande parte dos teologos, antigos místicos e filosofos espirituais de várias épocas é chamada de Filosofia Perene. É perene porque contém pensamentos profundos e atemporais sobre a vida e a natureza, culturas, e fora ensinada pelos maiores pensadores de todos os tempos. Quatro máximas cruciais acerca da realidade e da natureza humana estão no centro da sabedoria perene:
1- Existem dois reinos da realidade. O mundo físico ou fenoménico não é a unica realidade; outro reino, imaterial, existe, e os dois constituem a realidade ultima.
2- Todos os seres humanos existem nestes dois reinos e reflectem dos dois lados da realidade.
3- Os seres humanos possuem a capacidade, embora não usada e por conseguinte atrofiada, de percepcionar a realidade imaterial.
4- Os seres humanos conseguem reconhecer a sua centelha divina (Atman) e o sólo sagradado (Brahman) que é a Fonte. Esta percepção é o ultimo objectivo (iluminação mística), e a sua busca é o bem maior (vida sagrada) da existência humana. Todos os grandes mensageiros espirituais e os mestres do misticismo declararam a uma só voz que o propósito da Humanidade é a reunião com o seu princípo divino.
Os ensinamentos da Filosofia Perene sugerem que o cosmos não só está interconectado e pulsando de vida, como é multidimensional. O universo físico não é o unico domínio; para lá da sua complexa hierarquia, está o reino sublime do espírito, que para a nossa cultura contemporanea fora apelidado de consciência. O reino espiritual não pode ser conhecido através dos sentidos físicos e não pode ser medido por instrumentos científicos. De acordo com os seguidores desta filosofia, podemos aproximar-nos do reino espiritual através da meditação, dos rituais, e através de uma vida sagrada. Mais ainda, a Filosofia Perene afirma que a nossa verdadeira natureza é espiritual. Somos fundamentalmente criaturas (e criadores) desse reino.
Os artigos que se seguem são enxertos da consciência desse reino imaterial. São relatos que farão abanar os alicerces das estruturas mentais de todos aqueles que tentam buscar resposta para as perguntas mais profundas da vida: de onde venho, quem sou, para onde vou...

Wednesday, November 18, 2009

Tributo a Pablo Amaringo




O pintor e xamane Pablo Amaringo partiu para outros reinos.
Fica o tributo àquele que dedicou a sua vida aos outros e que, através das suas pinturas, permitiu que tenhamos um vislumbre do que são as dimensões da realidade que são acedidas nas sessões de Ayahuasca.


(Mental Abilities)




(Machaco Runa)




(Spiritual Temples)




(Aralim)




(Heart of the Cosmic Serpent)

Tuesday, November 17, 2009

Uma viagem para outras Terras...



Olá a todos, vou relatar-vos um sonho lúcido que tive nesta ultima noite. Poderá ser interessante visto ser substancialmente diferente dos anteriores. O sonho lúcido surgiu devido a um reality check num sonho normal que já estava particularmente longo.
Estava a sonhar que conversava com algumas pessoas enquanto almoçava. Subitamente o empregado do restaurante retirou três facas e dois garfos da minha "parte" da mesa, então pensei: "se só deixou ficar cá o garfo (e não também uma faca), então é porque estou a sonhar..." Agora recordando o sonho, é engraçado como a constante mudança das mesas e até (a mudança) do rosto das pessoas não fez-me suspeitar que se tratava de um sonho; talvez porque estivesse demasiado focado na conversa, visto que, na "vida real" preciso de ter essa mesma conversa.
Nisto, toda a percepção sensorial que tinha no sonho começou a desvanecer. Vi-me num sitio absolutamente escuro com uma imensidão de pontos luminosos e a sensação de o meu corpo estar a arder (mas sem dor), algo muito semelhante a outras aventuras. Logo de seguida, os poucos luminosos desapareceram apenas no centro da minha visão, originando um circulo perfeitamente escuro. Sem nunca perder a consciencia, foquei-me nesse centro escuro e pensei: "eu sou este ponto". Ao dizer isso, o ponto ganhou uma terceira dimensão e criou-se uma espiral ou vácuo. Sem medo, e sabendo o que me esperava, projectei-me mentalmente para esse vácuo. A escuridão deu lugar a uma imensidão de cores psicadélicas e foi aí que pensei: "quero ir para o Egipto", mas o esforço não resultou em nada.



Isso fez-me perceber que não era eu que controlava a experiência e entreguei-me a ela. De repente, e sem esforço, vi um céu azul que de repente se tornou num cenário completo e perfeitamente real.
O cenário consistia numa cidade com prédios enormíssimos e, pelo aspecto bastante diferente dos nossos, eram altamente tecnológicos. Dei por mim montado numa aranha mecanica (ou era eu próprio a aranha mecanica) na face lateral de um dos prédios.



Esta experiência foi tão intensa que fez-me chorar de alegria. Passados momentos decidi voltar para trás. Senti a realidade desaparecer aos poucos, voltei a entrar no tunel e, sem esforço, cai no sonho normal.

Saturday, November 14, 2009

DMT: Levantando o Véu de Maya



Bem vindos àquele que é o 5º artigo sobre DMT. Este post será uma continuação directa do anterior.
Um dos aspectos mais intrigantes dos relatos das experiências de DMT é a visão das espirais de DNA e a sensação de estarem a ver os tecidos moleculares. Como o tamanho só existe por comparação(1), não seria de todo descabido equacionar o cenário de uma transferência de consciencia para um "nível" molecular, percepcionando-o como um universo completo. Como veremos de seguida, os relatos apontam para a existência de seres inteligentes nestes planos interiores.
Em praticamente todas as doses altas (a partir dos 0,2 mg/Kg) são relatadas experiências com seres alienisnas. Estes seres são descritos como sendo uma mistura de homens com abelhas, crocodilos, aranhas ou répteis. Tentam comunicar connosco tanto por linguagem, por gestos, por figuras e cores ou ainda directamente por sentimentos ou intuição. Existem ainda relatos em que esses seres tentam comunicar connosco através de equipamentos tecnológicos avançados.



A nível sonoro, os relatos também são interessantes. A maior parte das pessoas que submeteu-se ao estudo relatou que durante o efeito do DMT ouviu barulhos estridentes, choramingos e zumbidos, estilhaços, etc. Uma minoria afirma ter ouvido vozes ou musica. É bastante comum, principalmente nos relatos de Ayahuasca ou Salvia Divinorum, ouvirem-se vozes a dizerem-nos coisas como "não tenhas medo...", "deixa-te ir...".





Como já referi num artigo anterior, toda a pesquisa feita pelo Rick Strass teve como voluntários individuos com historial em substancias psicadélicas. Em parte, o objectivo era que as pessoas estivessem mais à vontade nas experiências, de preferência sem entrarem em pânico devido à mudança brutal de nível mental. Por outro lado, seria assim possível comparar os efeitos do DMT com substancias halucinogénicas.
É importante referir que em todos os depoimentos é dito que a experiência com DMT é radicalmente diferente das obtidas com LSD, cogumelos mágicos, etc. Ao contrário de em todas estas substâncias halucinogénicas, os voluntários dizem não ter perdido a consciência, a capacidade de focar-se em detalhes, a lucidez, e não tiveram a sensação de intoxicação inerente ao uso das outras drogas. Para finalizar o post, queria realçar ainda outro factor comum em todas as experiências, que foi a sensação de "more real than real", isto é, as experiências obtidas sob o efeito do DMT foram consideradas mais reais do que a realidade do dia-a-dia.


(1) Um átomo é, em si, grande ou pequeno? Só podemos dizer que é grande ou pequeno comparando-o com outra coisa qualquer. Se pararmos para pensar, um atómo até é bastante parecido com um sistema solar, mas isso é outra conversa...

Wednesday, November 11, 2009

Sob a influência do DMT



Olá, os próximos posts acerca deste tema serão relatos de experiências descritas no livro "DMT - The Spirit Molecule". Talvez um dia relate as minhas próprias experiências.
Em doses altas de DMT, cerca de 0,3 mg/kg, as visões psicadélicas surgem praticamente de forma instantanea. Seguidamente, vem a sensação que a mente separou-se do corpo e as emoções aumentam de intensidade. O pico da resposta ao DMT dá-se cerca de dois minutos após a injecção, e aos cinco minutos os voluntários sentem-se a regressar. A maior parte das pessoas sente-se à vontade para falar passados 12 a 15 minutos e, após 30 minutos, sentem-se completamente reestabelecidos.
Uma das respostas mais básicas do corpo à injecção é o aumento brutal do batimento cardiaco. O diametro da pupila também aumenta bastante, alías, como podemos ver em muitos videos de cerimónicas de Ayahuasca. A temperatura do corpo também aumenta bastante.
O efeito do DMT é considerado muitas vezes como sendo um ataque. Expressões como "freight train", "ground zero" ou "nuclear cannon" foram bastante vezes usadas para descrever a sensação inicial. Também é comum sentir a própria vibração do DMT: uma sensação de intensa energia rápida e vibracional em altas frequências. A vibração é tão elevada que dá a sensação que a cabeça vai estourar. De seguida, pode ou não haver perda de consciência mas, passado esse momento, vem a sensação de ausencia de corpo. É comum lermos que fica-se com a sensação de ausência de peso, flutuação, dissolução corporal, ou até de ser pura consciência.



Em seguida, começam as visualizações com padrões psicadélicos. Na pesquisa do Rick Strassman, optaram por colocar vendas nos olhos para que as visões originadas pelo DMT não se sobreponham à percepção distorcida da realidade. Pessoalmente, penso que esta questão só se põe até a pessoa "apagar" completamente, uma vez que com uma dose elevada, ninguém se lembra sequer de abrir os olhos, simplesmente porque já se encontra com eles (os interiores) abertos noutra realidade. Fazer isso seria a mesma coisa que agora, ao lerem este artigo, quererem abrir os olhos.
As visões psicadélicas são descritas como sendo padrões caleidoscópicos semelhantes à arte Maia, Asteca ou Islamica. As cores são descritas como mais brilhantes, intensas e profundas no que na realidade ou no mundo onirico. As imagens de fundo fundem-se com as de primeiro plano, dando assim uma perspectiva completamente diferente da que estamos habituados.



Seguem-se visões mais concretas e bem mais curiosas. Entre elas, estão as visões de uma enorme ave de fogo (a Phoenix?), a Árvore da Vida e do Conhecimento, tuneis, escadarias, e as mistéricas - mas muito recorrentes - espirais de DNA. Nas minhas leituras, achei extremamente intrigante como a maior parte das pessoas que se submeteram a esta investigação científica descreverem visões ao nivel molecular e do próprio DNA, mas isso será assunto para o próximo post.

Sunday, November 8, 2009

DMT e a glandula pineal



Olá a todos, este é o terceiro artigo do tema DMT.
Tanto as Tradições Místicas do Oriente como do Ocidente estão repletas de descrições de uma luz branca, fortemente luminosa, que está acompanhada de uma profunda realização espiritual. Esta "iluminação" é o resultado do progresso da consciencia ao longo de vários níveis espirituais, psicológicos e éticos.
No Judaísmo Esotérico estes níveis são denominados de Sefirot, sendo o mais elevado chamado de Keter ou "Coroa". Na Tradição Ayurvédica, entres centros são chamados de Chakras. O Chakra mais elevado também se denomina vulgarmente por "Coroa" ou "Lotus de mil pétalas". Em ambas tradições a localização da "Coroa" é considera a expressão, e ao mesmo tempo a prova da existência, da alma.



Nos animais mais antigos, como sendo os lagartos e os anfibios, a glandula pineal é também denominada de "terceiro olho", sendo um olho perfeitamente normal. À medida que o reino animal foi evoluindo, a glandula pineal foi posicionando-se cada vez mais para o interior do cranio, ao ponto de nos mamiferos, estar completamente emersa no cérebro. Nos seres humanos, a glandula pineal fica visivel ao final de sete semanas, altura pela qual se distingue o sexo do feto.
Uma tese bastante aceite diz que a glandula pineal produz enormes quantidades de DMT em momentos críticos da vida, sendo assim apontada como um orgão com caracter espiritual. Exemplos desses momentos são o nascimento, profundos estados de stress, meditação, experiências quase-morte e a própria morte. A glandula pineal é assim apontada como o portal por onde entra e sai o sopro de vida que nos anima.
Será realmente este "orgão dentro de outro orgão" o meio físico responsável por todos estes momentos criticos da nossa vida? Que relação terá tudo isto com as lendas dos grandes Ciclopes Lemurianos que, segundo contam as Tradições, tinham poderes parapsicológicos através do terceiro olho? Será à glandula pineal que os antigos egípcios se referiam alegoricamente com a serpente na coroa do Rei?