Olá. Por certo que todos nós já devemos ter lido muitos relatos sobre sonhos lúcidos, mas este é excepcional. Retirei-o da obra citada no artigo anterior.
Certa noite fui acordado por uma batida urgente na , porta do meu quarto. Ergui-me e perguntei:
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"Quem está aí?" A resposta veio na voz de Marty (o encarregado do laboratório):
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"Monsieur, é madame H" (alguém que estava morando na cidade na época e fazia parte do meu círculo de amizades)
"que está pedindo que vá imediatamente à sua casa para ver mademoiselle P, que ficou doente de repente."(Mademoiselle P fazia mesmo parte da casa de madatne H e também era conhecida minha.)
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"Só me dê tempo para me vestir", disse eu,
"já vou correndo".
Vesti-me apressadamente, mas antes de sair fui ao toucador e passei uma esponja húmida no rosto. A sensação da água fria me despertou e percebi que havia sonhado com tudo o que acontecera antes e ninguém havia vindo me chamar. Com isso, voltei a dormir. Mas pouco tempo depois ouvi de novo a mesma batida à minha porta.
- "Como, monsieur, então o senhor não vem?"
- "Meus Deus! Então é mesmo verdade? Pensei estar sonhando!'
- "De modo algum. Apresse-se. Estão esperando pelo senhor."
- "Está bem, vou correndo." Tornei a me vestir e mais uma vez fui ao toucador e passei a esponja de água fria no rosto e, de novo, a sensação da água fria me acordou e me fez compreender que havia sido decepcionado por uma repetição do mesmo sonho. Voltei para a cama e pus-me a dormir de novo. A mesma cena se desenrolou, quase identicamente, mais duas vezes.
Quando na manhã seguinte Delage acordou "de verdade", viu que
"toda a série de actos, raciocínios e pensamentos não tinha passado de um sonho, mas um sonho que se repetiu quatro vezes em seguida, sem nenhuma interrupção do sono e sem que tivesse me mexido na cama".
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