Olá a todos !
Como disse anteriormente, fiquei muito honrado com o convite de nosso amigo Richard Hermeticus para participar deste Blog - um novo Blog, mas que já nasce grande, em vista da qualidade das postagens e da seriedade de seus colaboradores !
Como primeira e tímida contribuição, vou transcrever 4 relatos (sumários), colhidos dentre os últimos sonhos lúcidos que tive.
Ao final, adicionei duas pequenas observações que julguei interessantes para os praticantes, pois tratam não apenas a uma ligeira mudança na estrutura onírica - que considero ainda mais importante que a popular interpretação dos sonhos - como também mencionam uma conexão entre práticas meditativas e os sonhos lúcidos.
Ambos os temas (ou seja, a estrutura e a conexão com a meditação) merecem uma atenta e demorada análise e, por isso, voltarei a eles muitas vezes em outras postagens.
Por volta do dia 17 ou 18/07/2009
(relato escrito bem depois, em 02/08/09)
Estava andando em uma rua e havia uma loja com bolinhas à venda, semelhantes a bolas-de-gude, porém maiores. Fiquei interessado em um a bolinha muito azul (que, posteriormente, me lembraria o TIGLE do Dzogchen) e que pulava muito e até voava. Quando consegui pegá-la, achei-a fascinante. Pouco depois, estava em um carro, no banco de trás, e um amigo dirigia, enquanto um outro passageiro, que não reconheci, encontrava-se ao seu lado. Paramos e saio do automóvel. Foi quando o sonho se torna lúcido. Muito eufórico com a lucidez, alcei vôo. Cantarolava uma valsa de Strauss e ria muito enquanto voava, como uma criança! Outro amigo aparece e começa a voar também. Dançamos juntos em pleno ar, enquanto dávamos muitas risadas com a incrível sensação de liberdade. Acabo acordando.
02/08/2009
Já havia acordado e dormido várias vezes. Como é Domingo, resolvi ficar na cama até conseguir um sonho lúcido.
Na última tentativa, o sonho começou não-lúcido.
Estava em um restaurante “fast-food” e um folheto sobre a mesa me chamou a atenção. Quando comecei a lê-lo, falava de algo espiritual, talvez fosse mesmo um texto kardecista (espírita).
Esse folheto era na verdade o verso de uma proposta ou recibo de uma empresa de mudanças que realmente existe no Brasil chamada “A Luzitânia”. Só que no verso, o título era algo como “GRAEL” ou “GREEL” (ou ainda “GRAAL”), não me lembro bem.
Quem estava sentado comigo achou estranho meu interesse por esse tipo de “literatura”, mas respondi que tudo o que caía em minhas mãos sobre esse assunto poderia ser valioso.
Após lê-lo e tentar explicar ao meu interlocutor seu conteúdo (viagens astrais ou algo assim), vi-me repentinamente transposto para uma sala com a Cláudia (uma colega do meu trabalho) ao lado e um grande espelho que ocupava toda uma parede. Foi como se a explicação que eu dava sobre o folheto produzisse um novo sonho, coisa aliás muito comum nessas situações.
Nesse novo cenário, percebi que estava sonhando (sonho lúcido) e, já consciente de tudo, olhei para o grande espelho que havia, percebendo que só havia um reflexo, o da Cláudia. Expliquei que no Sonho Lúcido, o reflexo da Cláudia era o único, pois evidentemente meu corpo de sonho não apareceria nele (evidentemente, isso nem sempre é assim, mas naquele sonho tudo me parecia bastante lógico).
Então me projetei para dentro do espelho, com a intenção de transformar o sonho lúcido em uma projeção astral (superação do cenário onírico).
O sonho desaparece e um forte barulho de vento - como uma grande ventania ! - toma meus ouvidos. Penso na Ivanise, na tentativa de encontrá-la (ou seja, tentativa de sonho compartilhado), pois não sabia que já era tão tarde (na vigília) e ela certamente já estaria acordada.
Mas só há escuridão e flutuação.
Mesmo assim, insisto e a flutuação e o barulho aumentam, mas sem produzir imagens.
Após bastante tempo, começo a sentir enjôo (provavelmente em razão da sensação de flutuação) e acabo decidindo interromper.
08/08/2009
Por volta das 04:00 hs
Estava semi-acordado, em meditação (meditação de relaxamento profundo - criação do observador profundo).
Começa o sonho.
Aparece um cenário, cenas urbanas. Porém parece que observo essas cenas por uma espécie de buraco, como se estivesse dentro de um túnel.
Estou lúcido e as imagens, desfocadas. Estou bem consciente e acho até curioso que as imagens estejam desfocadas, pois afinal não estou vendo com os olhos reais.
Concentro-me e as imagens tornam-se mais nítidas.
Finalmente “saio do túnel” e me encontro inteiramente inserido no “cenário”.
É uma cidade grande, pela manhã, muitas pessoas e automóveis andando. Não sei porque, mas acho que é nos EUA ou na Inglaterra (mais provável). Flutuo como se eu mesmo fosse um balão, à deriva, por cima de todos.
Involuntariamente, desço e me aproximo muito de um automóvel, quase encostando o nariz na porta, e os olhos na janela e vejo o motorista, que não percebe nada. Tudo é muito nítido, porém não há interação com os “personagens” ou habitantes da cidade, apenas estou ali, como um fantasma, observando enquanto flutuo.
Não tenho controle de meu corpo onírico, há apenas flutuação ao léu.
Começo a flutuar para cima, voando sobre a cidade.
Acordo.
17/08/2009
Por volta das 04:00 hs
Estava em meu quarto da casa em que morava quando era adolescente, porém, no sonho, era meu local de trabalho.
O Cardozo veio me dizer que “estava indo embora”. Interpretei que iria se aposentar. Ele disse que não, mas não deixava claro sua intenção. O diálogo torna-se confuso. Pela confusão, percebi que era um sonho (já havia, dias antes, percebido e tentado me programar para realizar esse tipo de reconhecimento, pois estados de confusão são freqüentes nos sonhos).
Estiquei o dedo na frente dele e o mesmo esticou como um elástico.
O Cardozo não ficou estático - como costumava acontecer com os personagens oníricos quando eu descobria que era um sonho - mas, ao contrário, ficou muito surpreso e impressionado.
Disse a ele que era um sonho e convidei-o a voar.
Atirei-me pela janela, atravessando o vidro, e precipitei-me no céu, que estava muito verde, maravilhoso !
Ele veio atrás de mim, voando também.
Dávamos muitas risadas e ele me perguntou quanto iria durar isso. Respondi que “enquanto durasse o sonho.” - Pensei comigo mesmo que se um de nós dois acordasse, iríamos sumir. Notei que não havia pessoas. Ele mesmo notou também. Então, vimos umas adolescentes e aproximamo-nos delas.
Acordei.
Algumas observações sobre os sonhos acima:
1) diferentemente do que ocorria em meus primeiros sonhos lúcidos, os personagens oníricos não mais sofrem do efeito “quebra de encanto”, no momento em que descubro tratar-se de um sonho. Até então, esses personagens ficavam estáticos como bonecos; às vezes com os olhos vidrados, às vezes borrados. Nos sonhos acima, ao contrário, os personagens continuaram interagindo, como se realmente fossem pessoas que também se surpreenderam com a lucidez onírica. Entretanto, não tive condições de checar se se trataram de sonhos compartilhados.
2)Creio ser muito importante salientar que a maioria dos sonhos lúcidos ocorreram após a prática da meditação de relaxamento profundo, pela qual procuro conservar-me lúcido no estado hipnagógico e, mais importante, por meio do desapego - relaxado e concentrado no "puro observar". Esse tipo de meditação relaxada e concentrada acaba por focar a energia na pura observação, sendo uma espécie de exercício de desapego profundo dos pensamentos, imagens e emoções que sobrevêm, sobretudo naquele estado hipnótico pré-sonho. Frise-se, aliás, que esse tipo de exercício pode ser praticado não apenas no estado hipnagógico, como também na vigília e, em especial, dentro do próprio sonho.
Ambos os temas (ou seja, a estrutura e a conexão com a meditação) merecem uma atenta e demorada análise e, por isso, voltarei a eles muitas vezes em outras postagens.
Por volta do dia 17 ou 18/07/2009
(relato escrito bem depois, em 02/08/09)
Estava andando em uma rua e havia uma loja com bolinhas à venda, semelhantes a bolas-de-gude, porém maiores. Fiquei interessado em um a bolinha muito azul (que, posteriormente, me lembraria o TIGLE do Dzogchen) e que pulava muito e até voava. Quando consegui pegá-la, achei-a fascinante. Pouco depois, estava em um carro, no banco de trás, e um amigo dirigia, enquanto um outro passageiro, que não reconheci, encontrava-se ao seu lado. Paramos e saio do automóvel. Foi quando o sonho se torna lúcido. Muito eufórico com a lucidez, alcei vôo. Cantarolava uma valsa de Strauss e ria muito enquanto voava, como uma criança! Outro amigo aparece e começa a voar também. Dançamos juntos em pleno ar, enquanto dávamos muitas risadas com a incrível sensação de liberdade. Acabo acordando.
02/08/2009
Já havia acordado e dormido várias vezes. Como é Domingo, resolvi ficar na cama até conseguir um sonho lúcido.
Na última tentativa, o sonho começou não-lúcido.
Estava em um restaurante “fast-food” e um folheto sobre a mesa me chamou a atenção. Quando comecei a lê-lo, falava de algo espiritual, talvez fosse mesmo um texto kardecista (espírita).
Esse folheto era na verdade o verso de uma proposta ou recibo de uma empresa de mudanças que realmente existe no Brasil chamada “A Luzitânia”. Só que no verso, o título era algo como “GRAEL” ou “GREEL” (ou ainda “GRAAL”), não me lembro bem.
Quem estava sentado comigo achou estranho meu interesse por esse tipo de “literatura”, mas respondi que tudo o que caía em minhas mãos sobre esse assunto poderia ser valioso.
Após lê-lo e tentar explicar ao meu interlocutor seu conteúdo (viagens astrais ou algo assim), vi-me repentinamente transposto para uma sala com a Cláudia (uma colega do meu trabalho) ao lado e um grande espelho que ocupava toda uma parede. Foi como se a explicação que eu dava sobre o folheto produzisse um novo sonho, coisa aliás muito comum nessas situações.
Nesse novo cenário, percebi que estava sonhando (sonho lúcido) e, já consciente de tudo, olhei para o grande espelho que havia, percebendo que só havia um reflexo, o da Cláudia. Expliquei que no Sonho Lúcido, o reflexo da Cláudia era o único, pois evidentemente meu corpo de sonho não apareceria nele (evidentemente, isso nem sempre é assim, mas naquele sonho tudo me parecia bastante lógico).
Então me projetei para dentro do espelho, com a intenção de transformar o sonho lúcido em uma projeção astral (superação do cenário onírico).
O sonho desaparece e um forte barulho de vento - como uma grande ventania ! - toma meus ouvidos. Penso na Ivanise, na tentativa de encontrá-la (ou seja, tentativa de sonho compartilhado), pois não sabia que já era tão tarde (na vigília) e ela certamente já estaria acordada.
Mas só há escuridão e flutuação.
Mesmo assim, insisto e a flutuação e o barulho aumentam, mas sem produzir imagens.
Após bastante tempo, começo a sentir enjôo (provavelmente em razão da sensação de flutuação) e acabo decidindo interromper.
08/08/2009
Por volta das 04:00 hs
Estava semi-acordado, em meditação (meditação de relaxamento profundo - criação do observador profundo).
Começa o sonho.
Aparece um cenário, cenas urbanas. Porém parece que observo essas cenas por uma espécie de buraco, como se estivesse dentro de um túnel.
Estou lúcido e as imagens, desfocadas. Estou bem consciente e acho até curioso que as imagens estejam desfocadas, pois afinal não estou vendo com os olhos reais.
Concentro-me e as imagens tornam-se mais nítidas.
Finalmente “saio do túnel” e me encontro inteiramente inserido no “cenário”.
É uma cidade grande, pela manhã, muitas pessoas e automóveis andando. Não sei porque, mas acho que é nos EUA ou na Inglaterra (mais provável). Flutuo como se eu mesmo fosse um balão, à deriva, por cima de todos.
Involuntariamente, desço e me aproximo muito de um automóvel, quase encostando o nariz na porta, e os olhos na janela e vejo o motorista, que não percebe nada. Tudo é muito nítido, porém não há interação com os “personagens” ou habitantes da cidade, apenas estou ali, como um fantasma, observando enquanto flutuo.
Não tenho controle de meu corpo onírico, há apenas flutuação ao léu.
Começo a flutuar para cima, voando sobre a cidade.
Acordo.
17/08/2009
Por volta das 04:00 hs
Estava em meu quarto da casa em que morava quando era adolescente, porém, no sonho, era meu local de trabalho.
O Cardozo veio me dizer que “estava indo embora”. Interpretei que iria se aposentar. Ele disse que não, mas não deixava claro sua intenção. O diálogo torna-se confuso. Pela confusão, percebi que era um sonho (já havia, dias antes, percebido e tentado me programar para realizar esse tipo de reconhecimento, pois estados de confusão são freqüentes nos sonhos).
Estiquei o dedo na frente dele e o mesmo esticou como um elástico.
O Cardozo não ficou estático - como costumava acontecer com os personagens oníricos quando eu descobria que era um sonho - mas, ao contrário, ficou muito surpreso e impressionado.
Disse a ele que era um sonho e convidei-o a voar.
Atirei-me pela janela, atravessando o vidro, e precipitei-me no céu, que estava muito verde, maravilhoso !
Ele veio atrás de mim, voando também.
Dávamos muitas risadas e ele me perguntou quanto iria durar isso. Respondi que “enquanto durasse o sonho.” - Pensei comigo mesmo que se um de nós dois acordasse, iríamos sumir. Notei que não havia pessoas. Ele mesmo notou também. Então, vimos umas adolescentes e aproximamo-nos delas.
Acordei.
Algumas observações sobre os sonhos acima:
1) diferentemente do que ocorria em meus primeiros sonhos lúcidos, os personagens oníricos não mais sofrem do efeito “quebra de encanto”, no momento em que descubro tratar-se de um sonho. Até então, esses personagens ficavam estáticos como bonecos; às vezes com os olhos vidrados, às vezes borrados. Nos sonhos acima, ao contrário, os personagens continuaram interagindo, como se realmente fossem pessoas que também se surpreenderam com a lucidez onírica. Entretanto, não tive condições de checar se se trataram de sonhos compartilhados.
2)Creio ser muito importante salientar que a maioria dos sonhos lúcidos ocorreram após a prática da meditação de relaxamento profundo, pela qual procuro conservar-me lúcido no estado hipnagógico e, mais importante, por meio do desapego - relaxado e concentrado no "puro observar". Esse tipo de meditação relaxada e concentrada acaba por focar a energia na pura observação, sendo uma espécie de exercício de desapego profundo dos pensamentos, imagens e emoções que sobrevêm, sobretudo naquele estado hipnótico pré-sonho. Frise-se, aliás, que esse tipo de exercício pode ser praticado não apenas no estado hipnagógico, como também na vigília e, em especial, dentro do próprio sonho.