A parede das rochas é usada de forma dinâmica e permeável. Ao contrário do que nos habituamos a ver, quer seja num alto relevo egípcio, num fresco renascentista, numa tela do expressionismo, a parede das grutas tinham um papel central na composição, participando directamente na composição artística. É normal serem usadas escoriações naturais para enquadrar animais, buracos para representar o ventre de uma mulher como em Gxalingenwa no ZwaZulu-Natal ou no Elephant Hult shelter em Western Cape, etc. Em muitas das representações a própria estrutura natural da rocha chega a dar uma dimensão sobrenatural á composição, na medida em que o próprio animal parece sair da rocha. As cavernas francesas de Chauvet, Rouffignac e de Lascaux são bons exemplos disso mesmo.
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(figura 1 – cavalos na gruta de Chauvet, França)
O que dizer da composição presente na chamada La Chaire á Calvin, em que são representados dois cavalos no acto de procriação e que, atravessando uma zona rugosa da parede, transformam-se em golfinhos antes de voltarem a desaparecer na escuridão da rocha?
Ao analisarmos este tipo de representação sentimo-nos noutra realidade, composta por outros habitantes, outros animais, seres híbridos ou até de monstros que, presentes do outro lado da rocha, chegam até nós através da magia.
Que significado mágico ou religioso terão estas composições? O que nos estarão a dizer estes homens das cavernas, que de primitivos parecem ter tanto como nós? Talvez nunca chegaremos a saber.
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