O alto Paleolítico europeu e sul-africano consistirá por ventura num dos períodos mais enigmáticos da História da Arte.
A avaliar pela pouca matéria orgânica encontrada nestas grutas, hoje sabe-se que estes locais eram raramente visitados. Sendo assim, eram considerados locais de sagrados, onde se realizam rituais específicos.
As representações deste período dividem-se em duas grandes categorias. Uma delas representa realisticamente animais e cenas de caça, a outra é totalmente desprovida de linhas de horizonte ou até mesmo de superfície de apoio ás figuras, dando a sensação que se encontram em levitação sem aparente direcção. É este segundo tipo de representação que pretendemos explorar no presente artigo.
Este tipo de representações obedece a um padrão que é idêntico por toda a Europa mas também pelo Sul de África. Com isto não pretendemos dizer que a Arte deste período é idêntica nos dois continentes. Na Europa, este tipo de representação acabou á cerca de 12 mil anos, ao passo que em África ainda á 100 anos era praticada. As composições no velho continente encontram-se principalmente em cavernas subterrâneas, ao contrário das sul africanas que se encontram em cavernas relativamente acessíveis.
Em ambas as regiões as representações têm uma escala aparentemente irrealista, sendo usual vermos, por exemplo, figuras humanas maiores do que os elefantes. Outro símbolo a ter em conta será a enorme quantidade de mãos pintadas nas paredes das grutas, á partida, sem nenhum enquadramento com o resto da composição. Outra obsessão desta altura é a imposição de várias figuras umas por cima das outras, ocultando parcialmente as anteriores, como em Cougnac. Parece-nos ainda evidente que havia uma selectividade bastante especifica nos animais a representar, dependendo da zona onde iriam ser retratados, ao passo que outros animais que também habitavam essa zona eram deliberadamente postos de parte. É também comum ver representações da Deusa Vénus, símbolo da fertilidade.
(Figura 1 – Vénus de Cussac, França)
(Figura 2 – Mutoko, Zimbabwe)
(Continua amanhã à mesma hora de hoje)
Sobre o neoliberalismo
3 years ago
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